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quarta-feira, 20 de julho de 2016

INSTITUTO IKTUS

Núcleo de Psicanálise Clínica

RENATA ZANGERÓLAME DE OLIVEIRA





TRABALHO SOBRE FUNDAMENTOS DA TÉCNICA PSICANALÍTICA



MÓDULO XI
FUNDAMENTOS DA TÉCNICA PSICANALÍTICA II





CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM
ESPÍRITO SANTO
2016
RENATA ZANGERÓLAME DE OLIVEIRA



TRABALHO SOBRE FUNDAMENTOS DA TÉCNICA PSICANALÍTICA

 MÓDULO XI
FUNDAMENTOS DA TÉCNICA PSICANALÍTICA II





                                        Trabalho apresentado ao curso de psicanálise
            Clínica Iktus – Instituto Iktus
                                    Como requisito parcial à obtenção do título
Psicanalista Clínico
                                                           Professor: Dr. Willian Vicente Borges












FUNDAMENTOS DA TÉCNICA PSICANALÍTICA II

Embora tenha dúvidas se este módulo é simplesmente para leitura, por que nenhum trabalho foi pedido, resolvi fazer um resumo deste, para enriquecimento de estudo.
A Livre Associação é parte fundamental do processo de psicanálise, sem ela não existe Psicanálise. O processo Psicanalítico não consiste em comum paciente falando o que consegue lembrar ou simplesmente ocupando os ouvidos da analista. Na livre Associação fala-se do que vem naturalmente à cabeça e não daquilo que procuramos no material mnético. Para que de fato ocorra a Livre Associação é fundamental o uso do Divã. Ali o paciente encontra posição de conforto que favorece essa manifestação do inconsciente mais naturalmente. Lembremos que todo o material recalcado ao inconsciente está ali como que colado, arraigado. Não é fácil desprendê-lo. Certas condições mínimas são necessárias. A mais eficiente é aquela em que o indivíduo é convidado para falar em uma posição que normalmente não utiliza para tal, e sim para dormir. Há uma predisposição mental ao relaxamento próprio do sono e a capacidade de verbalizar. Durante o processo da Livre Associação acontece não um interrogatório nem um diálogo travado entre Psicanalista e paciente. Algumas vezes fazemos perguntas, mas não sistematicamente. A Psicanálise visa sondar o inconsciente para trazer à tona da consciência as idéias que aí se acham recalcadas e libertá-las através da compreensão. É verdade que tal libertação é, de certa forma, um pouco de aplicação do método catártico. Outrossim, quem traz à tona tais idéias latentes é o paciente, não o analista. O paciente escolhe o ponto de partida de sua conversação. Entretanto, cabe ao Psicanalista perceber se sua conversa não passa de “um contar do dia a dia”. Ás vezes o paciente fala muito exatamente para não falar o pouco que deve,a conversa funciona muitas vezes como bloqueio, resistência, onde o paciente faz o possível para se deixar sondar, procurando esconder-se de seu psicanalista. O paciente não deve se preocupar com o que está dizendo. Deve agir como que estando a “pensar em voz alta”. Transmite todas as idéias que forem surgindo, mesmo que sejam agressivas, pareçam vergonhosas, banais, conflite com os seus costumes. Aliás uma das coisas mais responsáveis pelo recalque é exatamente o “pensar de um modo e falar de outro”.
Para o psicanalista algumas perguntas são necessárias em seu trabalho com o paciente, entre elas podem ser citadas como exemplos:
 Relação Edipiana
1- De que se lembra você do corpo de sua mãe? 2 – Recorda você alguma coisa das partes sexuais de sua mãe? 3 – Foi alguma vez impressionado com algum detalhe do corpo de sua mãe? 4 – Quais são as lembranças mais antigas que você têm de sua mãe? 5 – Era sua mãe carinhosa ou severa? 6 – Sua mãe o castigou alguma vez? 7 – Em que consistia o castigo? 8 – Que espécie de carícias você recebia de sua mãe? 9 – Você a admirava? 10 – Você a viu alguma vez enferma? 11 – Você a viu morta? 12 – Você tocou alguma vez nas partes sexuais, nos seus seios, ou alguma outra parte do seu corpo? 13 – Viu você alguma vez o contato sexual entre seu pai e sua mãe? 14 – Você a viu alguma vez urinando ou defecando? 15 – Tinha a sua mãe aspecto atrativo? 16 – Ama você sua mãe? Por que? 17 – Você a temeu alguma vez? 18 – Ela o assustava quando o olhava? 19 – Desejou você alguma vez a sua morte?
Relação com crianças
 1 – Interessa-se você pelas partes sexuais das crianças? 2 – Em que consistem as suas atividades sexuais? 3 – Que pensa você da micção ou da defecação? 4 – Acredita que as crianças devem ser castigadas? 5 – Gosta de crianças? Por que? 6 – Quais foram os momentos mais felizes que você passou entre elas? 7 – Deseja ter filhos? Por que? 8 – Gostaria de ter um menino ou uma menina? 9 – Deseja você que este se pareça com algum membro de sua família? Por quê?
Relação com os animais
1 – Gosta de animais? Por que? 2 – Eles o assuntam? 3 – Teve alguma vez medo de ser devorado por animais? 4 – Foi mordido por algum? Quantas vezes? 5 – Gosta de torturar ou ferir animais? 6 – Viu alguma vez o coito de algum animal? 7 – Que efeito produz em você os úberes de uma vaca? 8 – Comparou alguma vez as partes sexuais de algum animal com as suas? 9 – Viu nascer algum animal? 10 – Sabe você o que isso significa? 11 – Teve você alguma fantasia ou intento sexual com algum animal? 12 – Sonha com animais? 13 – Qual é o animal que lhe causa aversão? 14 – Já pensou alguma vez que não devemos matar nem comer os animais?
Relação com o próprio corpo
1 – Que pensa você do seu físico? 2 – É você um sexual? 3 – Acha-se efeminado (ou masculinizado)? 4 – Qual é para você a parte mais importante do corpo? 5 – Qual é a parte do corpo que você tem mais perfeita? 6 – Tem medo de sofrer golpes nas partes sexuais? 7 – Acredita que a masturbação é um mal? 8 – Que acha você das partes sexuais do sexo oposto? 9 – Envergonha-se de ser surpreendido nu? Por que?
Relação com as funções do próprio corpo
1 – Quando se masturbou pela primeira vez? 2 – Em que circunstâncias? 3 – Realizou a masturbação espontaneamente? Ou lhe disseram que o fizessem? 4 – Como se realizou? Usou as mãos? A realizou por outros meios? 5 – Em que pensava ou pensa durante a masturbação? 6 – Por que se masturba? 7 – Como se sente uma vez realizada a masturbação? 8 – Você foi criado com mamadeira ou com seio? 9 – Lembra-se como mamava? 10 – Recorda-se de ter visto alguém mamar? 11 – Que impressão lhe produz o seio feminino?
Relações amorosas
1 – Que é amor? 2 – Qual é o tipo de pessoa preferida? 3 – Seria você capaz de persistir em uma atitude amorosa sem ter satisfação sexual? 4 – Gosta em geral das pessoas a quem julga superiores, iguais ou inferiores a você? 5 – Que pensa você das chamadas perversões sexuais? 6 – Que pensa você do ciúme?
 Situação de família
1 – Foi criado pela sua mãe, por algum parente ou por estranhos? 2 – Teve você companheiros de infância? 3 – Quais eram os brinquedos escolhidos? 4 – Em que colégio esteve? Quais as lembranças que traz desse tempo? Era interno ou externo? 5 – Que livros você lia quando era pequeno? 6 – Que classe de divertimentos você preferia? 7 – Qual é a pessoa que exerce maior autoridade sobre você em sua família? 8 – Quais eram as suas idéias religiosas? Quais são agora?
Sobre a morte
 1 – Pensa você constantemente sobre a morte? 2 – Qual é a idéia que lhe ocorre quando pensa nela? 3 – Tem você medo da morte, de morrer ou de ser morto? 4 – Desejou alguma vez morrer ou de ser morto? Quando e como? 5 – Chegou você a pensar no suicídio? Que processo seria preferível? 6 – Estabelece você alguma relação entre o amor e a morte? 7 – Como imagina você a vida depois da morte? 8 – Tem medo de ver um cadáver? 9 – Já pensou na morte de pessoas queridas? 10 – Desejou a morte de alguma delas? 11 – Pensou em matar alguém? 12 – Já matou animais quais? 13 – Que espécie de morte comove mais a você? 14 – Rápida, lenta? Todas as perguntas aqui citadas, não tem que ser seguidas a risca, podendo ser modificadas de acordo com a situação que se apresente.
Tendo já estudado o par analítico onde se sabe ser exatamente o melhor psicanalista para determinado paciente, veremos agora sobre a aliança terapêutica, onde pode ser determinada como uma espécie de transferência racional. Essa transferência racional se caracteriza, sobretudo, por não ter o aspecto de neurose, o que chamamos de neurose de transferência. A diferença está na intensidade, racionalidade, consciência de que os afetos que surgem não são frutos de paixão, mas do relacionamento. Por outro lado, a transferência se reveste da irracionalidade, envolvimento afetivo que não permite ao paciente distinguir os níveis de sentimentos. Podemos situar melhor a Aliança Terapêutica em relação a Transferência, do seguinte modo: A Aliança Terapêutica é favorável, colaboradora do processo, enquanto que a transferência, embora fundamental para a cura, em princípio opera negativamente, tende a atrapalhar. Aparece como embaraço que deve ser interpretado, caso contrário inviabiliza o tratamento, isto se perpetualizar. Sobre a transferência pode-se dizer que são atitudes, sentimentos e fantasias que um paciente experimenta, na situação analítica, relação ao seu Psicanalista, muitas das quais emergem, de modo aparentemente irracional, de suas próprias necessidades inconscientes e conflitos, em vez de circunstâncias reais de suas relações com o analista. Assim, o paciente atribui, inconscientemente, características de seu pai, mãe, irmãos etc. ao analista, enquanto este representará qualquer dessas pessoas em relação ao paciente. Sobre a A contra-transferência pode ser, como deduzimos da definição, conseqüência de carências do Psicanalista, de problemas não resolvidos desse profissional. Pode também ser conseqüência da situação psicanalítica em si. Nesse caso, é, “uma resposta emocional do psicanalista aos estímulos que provém do paciente, como resultado da influência do analisado sobre os sentimentos inconscientes do profissional. (Etchegoyen). Se na transferência temos que estar atentos para interpretá-la, de igual maneira precisamos estar atentos aos nossos sentimentos e sempre disposto a auto-interpretação, com pena de ficarmos vendidos no relacionamento e impedidos de trabalhar em benefício do paciente. Sobre a resistência pode ser a oposição a qualquer tentativa de revelação de um conteúdo inconsciente. A maior ou menor intensidade da luta travada pelo paciente contra o analista que ameaça por a descoberta esse conteúdo oculto constitui sempre uma medida de força repressora, isto é, da resistência. Pode-se entender dois tipos de resistência como resist|ência consciente onde a retenção internacional de informações por parte de um paciente, causada pela vergonha, medo de rejeição, temor de perder a consideração do analista. Aceita-se que, subentendida na resistência consciente, haja sempre motivos inconscientes; Resistência inconsciente em que é produzida pelo inconsciente de modo defensivo, sem que o paciente percebe. Tão somente atua ou deixe de atuar. O tipo mais conhecido é denominado atos falhos.
Podemos citar ainda diversos mecanismos de defesa onde o paciente procura de todas as formas esconder-se de seu psicanalista, defender-se dele, como por exemplo:
1 – Sublimação – Ocorre quando os impulsos neuróticos são canalizados para um fim nobre, sadio; 2 – Negação – É, como o termo designa, a negação de um impulso, quando a pessoa mascara um determinado instinto; 3 – Projeção – Quando o paciente transfere para outrem os seus sentimentos, impulsos e padecimentos. Quando sentimos e dizemos que o outro é que sente; 4 – Introjeção – É uma espécie incorporação, o ato de tragar, engolir o problema. Ocorre quando o paciente padece e incorpora como seu, só seu, e de certa forma há um contentamento com esse ato, sem ainda tratar-se de masoquismo; 5 – Repressão – É uma tentativa de ignorar os problemas sentidos, normalmente dizemos que não tem problema algum. 6 – Formação reativa – toda tentativa de defender a personalidade de algum perigo iminente; 7 – Mecanismos secundários – Anulação, aleamento, regressão, bloqueios, de afetos, protelação de afetos, desprezo de afetos; 8 – Racionalização – Talvez o mais nobre dos mecanismos, que se trata da tentativa de auto-justificação de todos os atos, posições e cometimentos. É o esforço que o indivíduo faz para não se sentir culpado jamais.
A Angústia da Separação ocorre quando o paciente ao término de sua seção demonstra uma sensação de abandono, como se estivesse deixando algo para trás. A Angústia de Separação é diretamente proporcional à transferência e à Aliança Terapêutica. No caso de pacientes com forte resistência, que retardam ao máximo a instalação desses fenômenos, também se notará uma frieza, um corte de cordão umbilical indolor.
A interpretação é o instrumento mais nobre da psicoterapia. Entendemos por interpretação o método de deduzir o que o paciente tem em sua alma e lhe comunicamos. A interpretação, é, portanto, a aplicação da racionalidade ao material que nos é oferecida através da Livre Associação. É quando o psicanalista entende e junta os fatos, montando o quebra-cabeça com o material mnético apresentado. A interpretação se dá sobre coisas lógicas apresentadas pelo paciente que, entretanto, não se vê com lógica alguma quando fala. Entretanto, em face do arrazoamento do psicanalista, há a compreensão, a clareza. E, com o passar do tempo, a medida que o tempo de análise aumente, o paciente já vai percebendo, e em algumas vezes se antecipa à interpretação.
Ao se afirmar que há etapa na análise, refere-se a  evolução do processo psicanalítico, há momentos característicos, definidos, distintos de outros, momentos com uma dinâmica especial que os distingue. Aliás, tudo nesta vida tem princípio, meio e fim. Podemos citar três etapas da psicanálise, a saber, Primeira etapa ( a abertura da análise. Vai da primeira sessão (anamnese) até mais ou menos uns três meses, quando estamos com contrato de duas a três sessões semanais. Nessa fase temos os ajustes necessários, o início da transferência etc).; Segunda etapa ( o mesmo que etapa média. É a menos típica e mais longa e criativa. Começa quando o analisando compreendeu e aceitou as regras do jogo, como Livre Associação, interpretação, ambiente permissivo etc.. Prolonga-se por um tempo variável até que a enfermidade originária (ou sua réplica, a neurose de transferência) haja desaparecido ou tenha se modificado substancialmente);Terceira etapa (o término da análise. Não prolonga muito tempo. Deve durar contudo, o suficiente para que a Reação Terapêutica Negativa (RTN) seja vencida, para que a angústia de separação definitiva seja igualmente interpretada e assumida).  
Sobre as vicissitudes do processo psicanalítico existem  fatores que dificultam sobremaneira a análise: Idade avançada, condições econômicas, religiosidade, inteligência de menos.
Entre as principais vicissitudes, temos: - Insight – Tanto a sua ausência, nos “desinteligentes” (burros), quando a sua fartura, pode atrapalhar. Além do mais, em termos de interpretação, quantas vezes o paciente vê uma coisa e o psicanalista vê outra. - Elaboração – É o tempo que o paciente gasta para se organizar e reagir à postura do Psicanalista. É o conjunto de fatores que diz que o paciente assumiu a sua condição de, compreender o papel do profissional e pratica as partes que lhe cabe. Acting-out – Problema difícil de explicar. Poder-se-ia dizer que se trata de uma ação fora da situação analítica ou que tem por objetivo afastar o paciente ou o Psicanalista de seu suporte. Mas para simplificar, é quando o paciente faz uma coisa em vez da outra.




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