INSTITUTO
IKTUS
Núcleo
de Psicanálise Clínica
RENATA
ZANGERÓLAME DE OLIVEIRA
TRABALHO
SOBRE FUNDAMENTOS DA TÉCNICA PSICANALÍTICA
MÓDULO
XI
FUNDAMENTOS
DA TÉCNICA PSICANALÍTICA II
CACHOEIRO
DE ITAPEMIRIM
ESPÍRITO
SANTO
2016
RENATA
ZANGERÓLAME DE OLIVEIRA
TRABALHO
SOBRE FUNDAMENTOS DA TÉCNICA PSICANALÍTICA
MÓDULO XI
FUNDAMENTOS
DA TÉCNICA PSICANALÍTICA II
Trabalho apresentado ao curso de psicanálise
Clínica
Iktus – Instituto Iktus
Como
requisito parcial à obtenção do título
Psicanalista Clínico
Professor: Dr. Willian Vicente Borges
FUNDAMENTOS
DA TÉCNICA PSICANALÍTICA II
Embora tenha dúvidas
se este módulo é simplesmente para leitura, por que nenhum trabalho foi pedido,
resolvi fazer um resumo deste, para enriquecimento de estudo.
A Livre Associação é
parte fundamental do processo de psicanálise, sem ela não existe Psicanálise. O
processo Psicanalítico não consiste em comum paciente falando o que consegue
lembrar ou simplesmente ocupando os ouvidos da analista. Na livre Associação
fala-se do que vem naturalmente à cabeça e não daquilo que procuramos no
material mnético. Para que de fato ocorra a Livre Associação é fundamental o
uso do Divã. Ali o paciente encontra posição de conforto que favorece essa
manifestação do inconsciente mais naturalmente. Lembremos que todo o material
recalcado ao inconsciente está ali como que colado, arraigado. Não é fácil
desprendê-lo. Certas condições mínimas são necessárias. A mais eficiente é
aquela em que o indivíduo é convidado para falar em uma posição que normalmente
não utiliza para tal, e sim para dormir. Há uma predisposição mental ao relaxamento
próprio do sono e a capacidade de verbalizar. Durante o processo da
Livre Associação acontece não um interrogatório nem um diálogo travado entre
Psicanalista e paciente. Algumas vezes fazemos perguntas, mas não
sistematicamente. A Psicanálise visa sondar o inconsciente para trazer à tona
da consciência as idéias que aí se acham recalcadas e libertá-las através da
compreensão. É verdade que tal libertação é, de certa forma, um pouco de
aplicação do método catártico. Outrossim, quem traz à tona tais idéias latentes
é o paciente, não o analista. O paciente escolhe o ponto de partida de sua
conversação. Entretanto, cabe ao Psicanalista perceber se sua conversa não
passa de “um contar do dia a dia”. Ás vezes o paciente fala muito exatamente
para não falar o pouco que deve,a conversa funciona muitas vezes como bloqueio,
resistência, onde o paciente faz o possível para se deixar sondar, procurando
esconder-se de seu psicanalista. O paciente não deve se preocupar com o que
está dizendo. Deve agir como que estando a “pensar em voz alta”. Transmite
todas as idéias que forem surgindo, mesmo que sejam agressivas, pareçam
vergonhosas, banais, conflite com os seus costumes. Aliás uma das coisas mais
responsáveis pelo recalque é exatamente o “pensar de um modo e falar de outro”.
Para o psicanalista
algumas perguntas são necessárias em seu trabalho com o paciente, entre elas
podem ser citadas como exemplos:
Relação Edipiana
1- De que se lembra
você do corpo de sua mãe? 2 – Recorda você alguma coisa das partes sexuais de
sua mãe? 3 – Foi alguma vez impressionado com algum detalhe do corpo de sua
mãe? 4 – Quais são as lembranças mais antigas que você têm de sua mãe? 5 – Era
sua mãe carinhosa ou severa? 6 – Sua mãe o castigou alguma vez? 7 – Em que
consistia o castigo? 8 – Que espécie de carícias você recebia de sua mãe? 9 –
Você a admirava? 10 – Você a viu alguma vez enferma? 11 – Você a viu morta? 12
– Você tocou alguma vez nas partes sexuais, nos seus seios, ou alguma outra
parte do seu corpo? 13 – Viu você alguma vez o contato sexual entre seu pai e
sua mãe? 14 – Você a viu alguma vez urinando ou defecando? 15 – Tinha a sua mãe
aspecto atrativo? 16 – Ama você sua mãe? Por que? 17 – Você a temeu alguma vez?
18 – Ela o assustava quando o olhava? 19 – Desejou você alguma vez a sua morte?
Relação
com crianças
1 – Interessa-se você pelas partes sexuais das
crianças? 2 – Em que consistem as suas atividades sexuais? 3 – Que pensa você
da micção ou da defecação? 4 – Acredita que as crianças devem ser castigadas? 5
– Gosta de crianças? Por que? 6 – Quais foram os momentos mais felizes que você
passou entre elas? 7 – Deseja ter filhos? Por que? 8 – Gostaria de ter um
menino ou uma menina? 9 – Deseja você que este se pareça com algum membro de
sua família? Por quê?
Relação
com os animais
1 – Gosta de animais?
Por que? 2 – Eles o assuntam? 3 – Teve alguma vez medo de ser devorado por
animais? 4 – Foi mordido por algum? Quantas vezes? 5 – Gosta de torturar ou
ferir animais? 6 – Viu alguma vez o coito de algum animal? 7 – Que efeito
produz em você os úberes de uma vaca? 8 – Comparou alguma vez as partes sexuais
de algum animal com as suas? 9 – Viu nascer algum animal? 10 – Sabe você o que
isso significa? 11 – Teve você alguma fantasia ou intento sexual com algum
animal? 12 – Sonha com animais? 13 – Qual é o animal que lhe causa aversão? 14
– Já pensou alguma vez que não devemos matar nem comer os animais?
Relação
com o próprio corpo
1 – Que pensa você do
seu físico? 2 – É você um sexual? 3 – Acha-se efeminado (ou masculinizado)? 4 –
Qual é para você a parte mais importante do corpo? 5 – Qual é a parte do corpo
que você tem mais perfeita? 6 – Tem medo de sofrer golpes nas partes sexuais? 7
– Acredita que a masturbação é um mal? 8 – Que acha você das partes sexuais do
sexo oposto? 9 – Envergonha-se de ser surpreendido nu? Por que?
Relação
com as funções do próprio corpo
1 – Quando se
masturbou pela primeira vez? 2 – Em que circunstâncias? 3 – Realizou a
masturbação espontaneamente? Ou lhe disseram que o fizessem? 4 – Como se
realizou? Usou as mãos? A realizou por outros meios? 5 – Em que pensava ou
pensa durante a masturbação? 6 – Por que se masturba? 7 – Como se sente uma vez
realizada a masturbação? 8 – Você foi criado com mamadeira ou com seio? 9 –
Lembra-se como mamava? 10 – Recorda-se de ter visto alguém mamar? 11 – Que
impressão lhe produz o seio feminino?
Relações
amorosas
1 – Que é amor? 2 –
Qual é o tipo de pessoa preferida? 3 – Seria você capaz de persistir em uma
atitude amorosa sem ter satisfação sexual? 4 – Gosta em geral das pessoas a
quem julga superiores, iguais ou inferiores a você? 5 – Que pensa você das chamadas
perversões sexuais? 6 – Que pensa você do ciúme?
Situação de família
1 – Foi criado pela
sua mãe, por algum parente ou por estranhos? 2 – Teve você companheiros de
infância? 3 – Quais eram os brinquedos escolhidos? 4 – Em que colégio esteve?
Quais as lembranças que traz desse tempo? Era interno ou externo? 5 – Que
livros você lia quando era pequeno? 6 – Que classe de divertimentos você
preferia? 7 – Qual é a pessoa que exerce maior autoridade sobre você em sua
família? 8 – Quais eram as suas idéias religiosas? Quais são agora?
Sobre
a morte
1 – Pensa você constantemente sobre a morte? 2
– Qual é a idéia que lhe ocorre quando pensa nela? 3 – Tem você medo da morte,
de morrer ou de ser morto? 4 – Desejou alguma vez morrer ou de ser morto?
Quando e como? 5 – Chegou você a pensar no suicídio? Que processo seria
preferível? 6 – Estabelece você alguma relação entre o amor e a morte? 7 – Como
imagina você a vida depois da morte? 8 – Tem medo de ver um cadáver? 9 – Já
pensou na morte de pessoas queridas? 10 – Desejou a morte de alguma delas? 11 –
Pensou em matar alguém? 12 – Já matou animais quais? 13 – Que espécie de morte
comove mais a você? 14 – Rápida, lenta? Todas as perguntas aqui citadas, não
tem que ser seguidas a risca, podendo ser modificadas de acordo com a situação
que se apresente.
Tendo já estudado o
par analítico onde se sabe ser exatamente o melhor psicanalista para
determinado paciente, veremos agora sobre a aliança terapêutica, onde pode ser
determinada como uma espécie de transferência racional. Essa transferência
racional se caracteriza, sobretudo, por não ter o aspecto de neurose, o que
chamamos de neurose de transferência. A diferença está na intensidade,
racionalidade, consciência de que os afetos que surgem não são frutos de paixão,
mas do relacionamento. Por outro lado, a transferência se reveste da
irracionalidade, envolvimento afetivo que não permite ao paciente distinguir os
níveis de sentimentos. Podemos situar melhor a Aliança Terapêutica
em relação a Transferência, do seguinte modo: A Aliança Terapêutica é
favorável, colaboradora do processo, enquanto que a transferência, embora
fundamental para a cura, em princípio opera negativamente, tende a atrapalhar.
Aparece como embaraço que deve ser interpretado, caso contrário inviabiliza o
tratamento, isto se perpetualizar. Sobre a transferência pode-se dizer que são
atitudes, sentimentos e fantasias que um paciente experimenta, na situação
analítica, relação ao seu Psicanalista, muitas das quais emergem, de modo
aparentemente irracional, de suas próprias necessidades inconscientes e
conflitos, em vez de circunstâncias reais de suas relações com o analista.
Assim, o paciente atribui, inconscientemente, características de seu pai, mãe,
irmãos etc. ao analista, enquanto este representará qualquer dessas pessoas em
relação ao paciente. Sobre a A contra-transferência pode ser, como deduzimos da
definição, conseqüência de carências do Psicanalista, de problemas não
resolvidos desse profissional. Pode também ser conseqüência da situação
psicanalítica em si. Nesse caso, é, “uma resposta emocional do psicanalista aos
estímulos que provém do paciente, como resultado da influência do analisado
sobre os sentimentos inconscientes do profissional. (Etchegoyen). Se na
transferência temos que estar atentos para interpretá-la, de igual maneira
precisamos estar atentos aos nossos sentimentos e sempre disposto a
auto-interpretação, com pena de ficarmos vendidos no relacionamento e impedidos
de trabalhar em benefício do paciente. Sobre a resistência pode ser a oposição
a qualquer tentativa de revelação de um conteúdo inconsciente. A maior ou menor
intensidade da luta travada pelo paciente contra o analista que ameaça por a
descoberta esse conteúdo oculto constitui sempre uma medida de força
repressora, isto é, da resistência. Pode-se entender dois tipos de resistência
como resist|ência consciente onde a retenção internacional de informações por
parte de um paciente, causada pela vergonha, medo de rejeição, temor de perder
a consideração do analista. Aceita-se que, subentendida na resistência
consciente, haja sempre motivos inconscientes; Resistência inconsciente em que
é produzida pelo inconsciente de modo defensivo, sem que o paciente percebe.
Tão somente atua ou deixe de atuar. O tipo mais conhecido é denominado atos
falhos.
Podemos citar ainda
diversos mecanismos de defesa onde o paciente procura de todas as formas esconder-se
de seu psicanalista, defender-se dele, como por exemplo:
1 – Sublimação –
Ocorre quando os impulsos neuróticos são canalizados para um fim nobre, sadio;
2 – Negação – É, como o termo designa, a negação de um impulso, quando a pessoa
mascara um determinado instinto; 3 – Projeção – Quando o paciente transfere
para outrem os seus sentimentos, impulsos e padecimentos. Quando sentimos e
dizemos que o outro é que sente; 4 – Introjeção – É uma espécie incorporação, o
ato de tragar, engolir o problema. Ocorre quando o paciente padece e incorpora
como seu, só seu, e de certa forma há um contentamento com esse ato, sem ainda
tratar-se de masoquismo; 5 – Repressão – É uma tentativa de ignorar os
problemas sentidos, normalmente dizemos que não tem problema algum. 6 –
Formação reativa – toda tentativa de defender a personalidade de algum perigo
iminente; 7 – Mecanismos secundários – Anulação, aleamento, regressão, bloqueios,
de afetos, protelação de afetos, desprezo de afetos; 8 – Racionalização –
Talvez o mais nobre dos mecanismos, que se trata da tentativa de
auto-justificação de todos os atos, posições e cometimentos. É o esforço que o
indivíduo faz para não se sentir culpado jamais.
A Angústia da
Separação ocorre quando o paciente ao término de sua seção demonstra uma
sensação de abandono, como se estivesse deixando algo para trás. A Angústia de
Separação é diretamente proporcional à transferência e à Aliança Terapêutica.
No caso de pacientes com forte resistência, que retardam ao máximo a instalação
desses fenômenos, também se notará uma frieza, um corte de cordão umbilical
indolor.
A interpretação é o
instrumento mais nobre da psicoterapia. Entendemos por interpretação o método
de deduzir o que o paciente tem em sua alma e lhe comunicamos. A interpretação,
é, portanto, a aplicação da racionalidade ao material que nos é oferecida
através da Livre Associação. É quando o psicanalista entende e junta os fatos,
montando o quebra-cabeça com o material mnético apresentado. A interpretação se
dá sobre coisas lógicas apresentadas pelo paciente que, entretanto, não se vê
com lógica alguma quando fala. Entretanto, em face do arrazoamento do
psicanalista, há a compreensão, a clareza. E, com o passar do tempo, a medida
que o tempo de análise aumente, o paciente já vai percebendo, e em algumas
vezes se antecipa à interpretação.
Ao se afirmar que há
etapa na análise, refere-se a evolução
do processo psicanalítico, há momentos característicos, definidos, distintos de
outros, momentos com uma dinâmica especial que os distingue.
Aliás, tudo nesta vida tem princípio, meio e fim. Podemos citar três etapas da
psicanálise, a saber, Primeira etapa ( a abertura da análise. Vai
da primeira sessão (anamnese) até mais ou menos uns três meses, quando estamos
com contrato de duas a três sessões semanais. Nessa fase temos os ajustes
necessários, o início da transferência etc).; Segunda etapa ( o mesmo que etapa
média. É a menos típica e mais longa e criativa. Começa quando o analisando
compreendeu e aceitou as regras do jogo, como Livre Associação, interpretação,
ambiente permissivo etc.. Prolonga-se por um tempo variável até que a
enfermidade originária (ou sua réplica, a neurose de transferência) haja
desaparecido ou tenha se modificado substancialmente);Terceira etapa (o término
da análise. Não prolonga muito tempo. Deve durar contudo, o suficiente para que
a Reação Terapêutica Negativa (RTN) seja vencida, para que a angústia de
separação definitiva seja igualmente interpretada e assumida).
Sobre as vicissitudes
do processo psicanalítico existem fatores
que dificultam sobremaneira a análise: Idade avançada, condições econômicas,
religiosidade, inteligência de menos.
Entre as principais
vicissitudes, temos: - Insight – Tanto a sua ausência, nos “desinteligentes”
(burros), quando a sua fartura, pode atrapalhar. Além do mais, em termos de
interpretação, quantas vezes o paciente vê uma coisa e o psicanalista vê outra.
- Elaboração – É o tempo que o paciente gasta para se organizar e reagir à
postura do Psicanalista. É o conjunto de fatores que diz que o paciente assumiu
a sua condição de, compreender o papel do profissional e pratica as partes que
lhe cabe. Acting-out – Problema difícil de explicar. Poder-se-ia
dizer que se trata de uma ação fora da situação analítica ou que tem por
objetivo afastar o paciente ou o Psicanalista de seu suporte. Mas para
simplificar, é quando o paciente faz uma coisa em vez da outra.
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