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sábado, 27 de maio de 2017

INSTITUTO DE PSICANÁLISE CLÍNICA IKTUS

Curso de Especialização em Terapia Infantil
 LUDOTERAPIA






RESUMO









RENATA ZANGERÓLAME DE OLIVEIRA



CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM 2017

A ludoterapia é a psicoterapia utilizada para o tratamento infantil, em que através da brincadeira a criança consegue expressar seus conflitos e dificuldades e se procura soluções para que a mesma possa ter uma melhor socialização e adaptação social tanto em sociedade quanto no âmbito familiar. O terapeuta observa e interpreta as projeções buscando compreender seu mundo interno e sua personalidade. São utilizados instrumentos para facilitar as projeções, pois quanto menor a criança, mais dificuldades ela terá para verbalizar seus conflitos. Podem ser utilizados diferentes recursos como: brincar de casinha, criação e prática de histórias e contos de fadas, jogo do rabisco, desenho, pintura, modelagem, entre outras atividades. Através dos jogos e brincadeiras a criança libera tensão, frustração, insegurança e também agressividade, tudo isso acontece sem que a criança perceba, de uma maneira natural e espontânea. A análise infantil é um método de diagnóstico e terapia infantil combinando os princípios da Psicanálise freudiana e as técnicas projetivas consagradas nos testes de Rorschach e de Murray. Esse método foi chamado por Melaine Klein de playtechnique ou técnica de brinquedo. A análise infantil funda-se no princípio da catarse, já que tenta explorar o mundo de sentimentos e impulsos inconscientes como origem efetiva de todas as ações e reações observadas nos pequenos. Toda brincadeira tem um significado a ser explorado. Alguns pais se questionam ao verem seus filhos brincarem se estes estão produzindo alguma coisa, porém muitos desconhecem que o ato de brincar é a forma natural em que a criança vivencia os acontecimentos do seu dia a dia, refletindo seus sentimentos e conflitos, é o trabalho da criança. A ludoterapia também pode ser realizada em adultos. Para que o processo de ludoterapia possa ser realizada é preciso que se faça um Psicodiagnóstico para que se saiba em que etapa de desenvolvimento se encontra. Melanie Klein estudou e relatou as descobertas da psicanálise que resultaram na criação de uma nova Psicologia Infantil. A criança desde os seus primeiros anos de vida pode experimentar sentimentos ruins como angústia e luto. O caráter primitivo do psiquismo infantil requer uma técnica analítica especialmente adaptada à criança, para isso utilizamos sua própria linguagem, ou pelo menos tentamos usar uma linguagem acessível à criança. Portanto a Ludoterapia é a psicoterapia adaptada para o tratamento infantil, através do qual a criança, brincando, projeta seu modo de ser. O objetivo dessa modalidade de análise é ajudar a criança, através da brincadeira, a expressar com maior facilidade os seus conflitos e dificuldades, ajudando-a em sua solução para que consiga uma melhor integração e adaptação social, tanto no âmbito da família como da sociedade em geral. Ao brincar, a criança de alguma forma “sabe” que está se expondo porque ali ela atua representando as situações que a afligem. Como coloca toda a sua energia, atenção e emoção na brincadeira, ela intui que está como que “transparente” ao olhar do outro. Ao brincar com os bonequinhos, a criança cria uma família em que os pais brigam muito ou batem nos filhos. Ela não está contando uma estória adequadamente articulada através da fala, como faria um adulto, mas reproduz uma cena possivelmente bastante conhecida sua. Cabe ao terapeuta investigar a origem dos conflitos, averiguando se trata-se de identificação com personagens de outras estórias, como filmes vistos na TV ou lidos em estórias em quadrinhos ou se retrata a sua própria vida. A maioria das crianças adere facilmente à ludoterapia e adquire, em relação ao terapeuta, confiança suficiente para se expor, brincando livremente. Outras, porém, por várias possíveis motivações internas esquivam-se das atividades projetivas, preferindo brinquedos cujo grau de exposição é muito menor, como os jogos, por exemplo, em que as regras e o comportamento são previamente determinados, reduzindo bastante o grau de sua exposição. Nesses casos, faz-se necessário que novos recursos sejam introduzidos, no sentido de facilitar o acesso do terapeuta à problemática central do paciente. O que importa, na terapia, é que o contato com a emoção aconteça. O processo de elaboração vai dando-se à medida que a criança compartilha sua dor, anseios e experiências traumáticas de uma maneira mais livre de crítica e mesmo de auto-censura.  A participação do terapeuta neste tipo de trabalho é bastante mais ativa do que seria numa ludoterapia tradicional. Aqui ele não pode ser apenas um observador, precisa facilitar a viabilização do projeto, seja oferecendo idéias no início (para que a exeqüibilidade do trabalho a ser feito seja perceptível para a criança) seja operacionalizando algumas fases da criação (por exemplo, a criança pode estar disposta a ditar a história ao invés de escrevê-la de próprio punho). Muitas são as possibilidades de intervenção na Ludoterapia e a elaboração de um livro é apenas uma delas. O terapeuta poderá criar, juntamente com a criança, o caminho mais suave e adequado para cada caso, respeitando a personalidade, os recursos e as limitações de cada criança, enfim, a sua individualidade. A Ludoterapia destina-se principalmente a crianças na faixa de três a doze anos de idade, aproximadamente, e pode ser aplicada individualmente ou em grupo, dependendo da abordagem adotada, bem como do problema a ser tratado. A indicação da Ludoterapia é mais comumente feita por pediatras e pela escola e vem aumentando cada vez mais nos últimos tempos. A procura ocorre mais predominantemente entre famílias de classes média e alta. O tratamento realiza-se através de sessões de cinqüenta minutos cada e as crianças geralmente gostam bastante, visto que na sala de Ludoterapia não lhe serão solicitadas atividades desagradáveis ou entediantes. Ali elas poderão falar e/ou brincar sendo, esta última, a forma mais apreciada e através da qual cada criança se expressará de forma simbólica. Um clima de respeitosa cordialidade é obtido, geralmente sem dificuldades. Para isso, na primeira sessão do processo, estabeleço que naquele espaço estarão sempre presentes três regras que deverão ser obedecidas o tempo todo: 1ª.) É proibido machucar-se de propósito; 2ª.) É proibido quebrar qualquer coisa de propósito; e 3ª.) É proibido me machucar de propósito. As crianças costumam achar bastante justa essa combinação e, às vezes, me perguntam se elas valem também para mim, ao que respondo afirmativamente. Elas se sentem satisfeitas por saberem que, exceto essas três condições, tudo o mais é permitido, razão porque aquele espaço passa a ser sinônimo de liberdade de expressão. A participação dos pais é fundamental para o sucesso do tratamento porque eles estão, invariavelmente, ligados ao quadro apresentado pela criança. Não se trata de culpá-los pelo problema. É que a criança é, em geral, uma espécie de reflexo da dinâmica familiar. A melhora dos sintomas ou mesmo a supressão do quadro inicial é detectada através da evolução das representações da criança. Além da observação no consultório, o profissional também busca informações na escola e na família com a finalidade de certificar-se de que os ganhos em terapia estão sendo generalizados para o universo de relações da criança. O tempo de duração do tratamento é variável, podendo ocorrer nas primeiras seis semanas, nos casos mais simples e agudos, ou estender-se por um ou mais anos, quando tratar-se de dificuldades estruturais ou mais complexas. 

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