INSTITUTO
DE PSICANÁLISE CLÍNICA IKTUS
Curso
de Especialização em Terapia Infantil
LUDOTERAPIA
RESUMO
RENATA
ZANGERÓLAME DE OLIVEIRA
CACHOEIRO
DE ITAPEMIRIM 2017
A ludoterapia é a psicoterapia utilizada para o
tratamento infantil, em que através da brincadeira a criança consegue expressar
seus conflitos e dificuldades e se procura soluções para que a mesma possa ter
uma melhor socialização e adaptação social tanto em sociedade quanto no âmbito
familiar. O terapeuta observa e interpreta as projeções buscando compreender
seu mundo interno e sua personalidade. São utilizados instrumentos para
facilitar as projeções, pois quanto menor a criança, mais dificuldades ela terá
para verbalizar seus conflitos. Podem ser utilizados diferentes recursos como:
brincar de casinha, criação e prática de histórias e contos de fadas, jogo do
rabisco, desenho, pintura, modelagem, entre outras atividades. Através dos
jogos e brincadeiras a criança libera tensão, frustração, insegurança e também
agressividade, tudo isso acontece sem que a criança perceba, de uma maneira
natural e espontânea. A análise infantil é um método de diagnóstico e terapia
infantil combinando os princípios da Psicanálise freudiana e as técnicas projetivas
consagradas nos testes de Rorschach e de Murray. Esse método foi chamado por
Melaine Klein de playtechnique ou técnica de brinquedo. A análise infantil
funda-se no princípio da catarse, já que tenta explorar o mundo de sentimentos
e impulsos inconscientes como origem efetiva de todas as ações e reações
observadas nos pequenos. Toda brincadeira tem um significado a ser explorado. Alguns
pais se questionam ao verem seus filhos brincarem se estes estão produzindo
alguma coisa, porém muitos desconhecem que o ato de brincar é a forma natural
em que a criança vivencia os acontecimentos do seu dia a dia, refletindo seus
sentimentos e conflitos, é o trabalho da criança. A ludoterapia também pode ser
realizada em adultos. Para que o processo de ludoterapia possa ser realizada é
preciso que se faça um Psicodiagnóstico para que se saiba em que etapa de
desenvolvimento se encontra. Melanie Klein estudou e relatou as descobertas da
psicanálise que resultaram na criação de uma nova Psicologia Infantil. A
criança desde os seus primeiros anos de vida pode experimentar sentimentos
ruins como angústia e luto. O caráter primitivo do psiquismo infantil requer
uma técnica analítica especialmente adaptada à criança, para isso utilizamos
sua própria linguagem, ou pelo menos tentamos usar uma linguagem acessível à
criança. Portanto a Ludoterapia é a psicoterapia adaptada para o
tratamento infantil, através do qual a criança, brincando, projeta seu modo de
ser. O objetivo dessa modalidade de análise é ajudar a criança, através da
brincadeira, a expressar com maior facilidade os seus conflitos e dificuldades,
ajudando-a em sua solução para que consiga uma melhor integração e adaptação
social, tanto no âmbito da família como da sociedade em geral. Ao brincar, a
criança de alguma forma “sabe” que está se expondo porque ali ela atua
representando as situações que a afligem. Como coloca toda a sua energia,
atenção e emoção na brincadeira, ela intui que está como que “transparente” ao
olhar do outro. Ao brincar com os bonequinhos, a criança cria uma família em
que os pais brigam muito ou batem nos filhos. Ela não está contando uma estória
adequadamente articulada através da fala, como faria um adulto, mas reproduz
uma cena possivelmente bastante conhecida sua. Cabe ao terapeuta investigar a
origem dos conflitos, averiguando se trata-se de identificação com personagens
de outras estórias, como filmes vistos na TV ou lidos em estórias em quadrinhos
ou se retrata a sua própria vida. A maioria das crianças adere facilmente à
ludoterapia e adquire, em relação ao terapeuta, confiança suficiente para se
expor, brincando livremente. Outras, porém, por várias possíveis motivações
internas esquivam-se das atividades projetivas, preferindo brinquedos cujo grau
de exposição é muito menor, como os jogos, por exemplo, em que as regras e o
comportamento são previamente determinados, reduzindo bastante o grau de sua
exposição. Nesses casos, faz-se necessário que novos recursos sejam
introduzidos, no sentido de facilitar o acesso do terapeuta à problemática
central do paciente. O que importa, na terapia, é que o contato com a emoção
aconteça. O processo de elaboração vai dando-se à medida que a criança
compartilha sua dor, anseios e experiências traumáticas de uma maneira mais
livre de crítica e mesmo de auto-censura. A participação do terapeuta neste tipo de
trabalho é bastante mais ativa do que seria numa ludoterapia tradicional. Aqui
ele não pode ser apenas um observador, precisa facilitar a viabilização do
projeto, seja oferecendo idéias no início (para que a exeqüibilidade do
trabalho a ser feito seja perceptível para a criança) seja operacionalizando
algumas fases da criação (por exemplo, a criança pode estar disposta a ditar a
história ao invés de escrevê-la de próprio punho). Muitas são as possibilidades
de intervenção na Ludoterapia e a elaboração de um livro é apenas uma delas. O
terapeuta poderá criar, juntamente com a criança, o caminho mais suave e
adequado para cada caso, respeitando a personalidade, os recursos e as
limitações de cada criança, enfim, a sua individualidade. A Ludoterapia
destina-se principalmente a crianças na faixa de três a doze anos de idade,
aproximadamente, e pode ser aplicada individualmente ou em grupo, dependendo da
abordagem adotada, bem como do problema a ser tratado. A indicação da
Ludoterapia é mais comumente feita por pediatras e pela escola e vem aumentando
cada vez mais nos últimos tempos. A procura ocorre mais predominantemente entre
famílias de classes média e alta. O tratamento realiza-se através de sessões de
cinqüenta minutos cada e as crianças geralmente gostam bastante, visto que na
sala de Ludoterapia não lhe serão solicitadas atividades desagradáveis ou
entediantes. Ali elas poderão falar e/ou brincar sendo, esta última, a forma
mais apreciada e através da qual cada criança se expressará de forma simbólica.
Um clima de respeitosa cordialidade é obtido, geralmente sem dificuldades. Para
isso, na primeira sessão do processo, estabeleço que naquele espaço estarão
sempre presentes três regras que deverão ser obedecidas o tempo todo: 1ª.) É
proibido machucar-se de propósito; 2ª.) É proibido quebrar qualquer coisa de
propósito; e 3ª.) É proibido me machucar de propósito. As crianças costumam
achar bastante justa essa combinação e, às vezes, me perguntam se elas valem
também para mim, ao que respondo afirmativamente. Elas se sentem satisfeitas
por saberem que, exceto essas três condições, tudo o mais é permitido, razão
porque aquele espaço passa a ser sinônimo de liberdade de expressão. A
participação dos pais é fundamental para o sucesso do tratamento porque eles
estão, invariavelmente, ligados ao quadro apresentado pela criança. Não se trata
de culpá-los pelo problema. É que a criança é, em geral, uma espécie de reflexo
da dinâmica familiar. A melhora dos sintomas ou mesmo a supressão do quadro
inicial é detectada através da evolução das representações da criança. Além da
observação no consultório, o profissional também busca informações na escola e
na família com a finalidade de certificar-se de que os ganhos em terapia estão
sendo generalizados para o universo de relações da criança. O tempo de duração
do tratamento é variável, podendo ocorrer nas primeiras seis semanas, nos casos
mais simples e agudos, ou estender-se por um ou mais anos, quando tratar-se de
dificuldades estruturais ou mais complexas.
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