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domingo, 5 de agosto de 2018

O Sonho de Eduardo


O sonho de Eduardo

Como voar sem deixar-se levar pelo sabor do vento? Muitos não conseguiriam, mas Eduardo deixa-se levar pela imaginação aonde quer que esteja. Sempre pensava consigo mesmo, sentado ao pé do morro perto de sua casa, pés descalço, pipa colorida nas mãos esperando os amigos para mais uma tarde de brincadeiras. – “Ainda vou ser doutor, ajudar as pessoas que precisam de médico, mas não tem como pagar, principalmente minha mãe que sempre reclama de dores nas costas de tanto fazer faxina na casa das madames”. É certo que não seria nada fácil, ele bem sabia, por ter uma vida simples, morando em uma casa pequena, seu pai desempregado e cansado de procurar trabalho e não encontrar. Podia ver a tristeza em seu rosto quando chegava em casa depois de mais um dia de busca. Mais um dia isso mudaria se formaria doutor e tirava todo mundo do morro, iriam para a cidade, morar em uma casa grande e bonita e com um chuveiro quente. Seria o fim dos banhos frios que faziam com que ele se encolhesse e batesse os dentes todas as noites antes do jantar. Assim Eduardo voava em seus pensamentos e planos, pois embora fossem poucos os recursos, sua família era lutadora, não tinham medo do amanhã e do trabalho. Faziam questão que ele estudasse. Incentivo não faltava e ele se esforçava na escola. Sentia orgulho de si ao ver o sorriso no rosto cansado de sua mãe, quando lhe apresentava as notas. Seus amigos já o chamavam de doutorzinho, de tanto ouvi-lo falar de seus sonhos e dos episódios que assistia na TV de 14 polegadas que seu pai com tanto sacrifício comprara de seu Joca que morava ao lado. Embora fosse de segunda mão a TV funcionava muito bem. Eduardo ainda mergulhado em seus pensamentos, já imaginava como seria seu consultório, com uma placa bem grande e bonita na porta, em que se lerá “Dr. Eduardo’, e para deixar a placa ainda mais bonita, será escrito em baixo “Médico do povo”. Ainda não havia escolhido sua especialidade, sabia apenas que seria médico, o médico do povo. Estava ele com seus pensamentos ao pé do morro, quando de repente o vento começou a soprar forte. Eduardo sente uma mão em seu ombro, é Pedrinho que o  desperta de seu sonho para que juntamente com seus amigos possam iniciar a brincadeira. Com um sorriso Eduardo levanta-se e junta-se aos amigos, erguendo sua pipa aos céus. Tudo bem, ele já sonhou, já sabe o que quer. Que a pipa alce grandes vôos, colorindo os céus, porque esse sonhador agora com os pés no chão, já sabe aonde quer chegar. Ele sonha independente do tempo e do vento, enquanto a vida segue seu curso.

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