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segunda-feira, 10 de julho de 2017

RENATA ZANGERÓLAME DE OLIVEIRA





MÓDULO XX
RESUMO
FUNDAMENTOS DA TÉCNICA PSICANALÍTICA IV






CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM
2017

FUNDAMENTOS DA TÉCNICA PSICANALÍTICA IV
Pode-se considerar a psicanálise como uma experiência emocional que acontece entre paciente e analista, em que o primiero busca monstrar ao segundo como suas palavras e ações se relacionam com seu inconciente.  Para o paciente o analista acaba por tornar-se aquilo que é inconcientemente necessitado pelo primeiro. Os sentimentos experimentados pelo pelo analista, podem servir para que aconteça um melhor entendimento do mundo interno daquele que está sendo analisado. É claro ser necessária a distinção entre uma confusão “desejada” pelo paciente, como resistência à análise, de outra decorrente do próprio inconsciente do analista – contratransferência negativa –, que deveria ter sido pelo menos diminuída, se não abolida na sua análise. Durante uma análise, os objetos internos, tendem, por identificação projetiva, a ser colocados no analista, que passa a ser tratado pelo paciente como um objeto. Em outro momento da sessão, o analista é visto como objeto idealizado, mantendo dentro de si o persecutório, cisão defensiva própria da posição eaquizoparanóide. Tal situação é comum entre o relacionmanento médico – paciente, quando o paciente regredido constrói pela doença um objeto persecutório interno e idealiza o médico como seu salvador. A conhecida transferência, citada por Freud, descrita como “reedição do passado no presente”, pela contribuição Kleiniana é considerada a revivência de objetos internos, por identificação projetiva. O analista tem de ser receptivo a essas projeções, sem identificar-se com elas, mantendo seu papel de terapeuta e não de analista. A sessão psicanalítica seria um sonho, com conteúdo manifesto e um conteúdo latente. Quanto mais o paciente entender sua realidade, maior evolução acontecerá em sua maturação, melhorando seus relacionamentos interpessoais, em seu crescimento emocional. A psicanálise é uma atividade em que as vezes a teoria se afasta da prática clínica, em que os lacaianos acreditam ser o psicanalísta alguém totalmente objetivo, não sofrendo qualquer influência sobre as manifestações do incociente dos pacientes, devendo este paenas decodificar as mensgens cifradas das mesmas. Os aspectos humanos do analista são praticamente esquecidos. A  ideia do objetivismo exclusivo do analista pode ser entendida como negação ou recusa de que como pessoa possa estar influindo no processo analítico. Uma defesa contra o  temor de se envolver, mantendo-se na sombra. Na clínica psicanalítica, o conceito da interação entre identificação projetivas e introjetivas, que acontece entre analista e analisando, torna-se primordial. Um coloca no outro seus objetos internos, imagos de representação, experi~encias e fantasias inconcientes do passado infantil. Desde o início, no processo de desenvolvimento emocional do ser humano, no relacionamento com os adultos significativos e depois com todo o mundo, essas interrelações identificatórias estão sempre presentes. A experiência analítica pode então ser comparada a um processo mais re-educativo do que curativo.Em ocasiões em que o paciente se mostrar mais evoluído (predominância da parte neurótica ou sadia), o analista assumiria então o papel paternal esclarecedor, pelas interpretações. A escolha de uma atitude mais receptiva, maternal, ou interpretativa, paternal, depende muito da intuição do analista e é neste ponto que começa a psicanálise arte. Alguns possuem esse dom mais acentuado, de modo inato, do que outros.Na prática psicanalítica e psicoterápica dinâmica (baseada na psicanálise, mas sem o rigor de número elevado de sessões semanais e sem a prevalência de interpretações transferenciais – no aqui, agora, comigo), não existem provas concludentes em psicóticos, e mesmo em alguns neuróticos, da supremacia de uma orientação teórica sobre outra, o que aponta para os resultados muitas vezes dependerem mais da personalidade e da capacidade intuitiva do analista ou do psicoterapeuta em geral.

Pacientes borderlines
Poderemos pensar a psicanálise como aquela que, antes de quaisquer outras, esteve às voltas com a subjetividade do sujeito psíquico, com o indizível, o inescrutável, o inaudito. “Ela quer devolver ao passado sua poesia; quer lhe devolver seu corpo perdido. Porque, se a frágil estrutura de suas lembranças desabar como uma tenda malmontada, tudo o que restará a Tamina será o presente, esse ponto invisível, esse nada que avança lentamente em direção à morte”.(“The Book of Laughter and Forgetting – Milan Kundera[1]). Bion fará “uma distinção entre dois tipos de vínculos que os seres humanos podem fazer com uma realidade externa viva. O primeiro é o vínculo articulado que permite, por meio de sua flexibilidade, que a condição de estar vivo seja sentida e vivenciada. O segundo, o vínculo rígido, restringe a experiência e o pensamento a fragmentos manejáveis mas mecânicos. Sabemos que não podemos falar de uma única abordagem dentro da psicanálise, hoje se tem convencionado falar em as psicanálises, e podemos pensar que se há um fio que as une, este que se origina no texto freudiano, muitas outras diferenças irão marcar principalmente o manejo da técnica dentro do setting. E anterior a tudo isso, a leitura que fará quanto a sua psicopatologia e com a qual estará trabalhando esse psicanalista(ex: três tempos de Lacan, posições de Klein, self verdadeiro e falso self em Winnicott etc). Situa-se para a época da fundação da psicanálise a questão da histeria(de conversão e de angústia) como o quadro mais predominante. Hoje fala-se nesses limítrofes, algo que poderíamos, talvez, equiparar ao que Fairbairn descrevia como estruturas subjacentes. Sabemos também, por outro lado, que parte das escolas em psicanálise continuam advogando em prol de uma leitura de estruturas fixas e que não seriam passíveis de modificação ou intercâmbio. “Quando efetuamos uma análise estrutural da configuração do self nos pacientes fronteiriços reparamos que está constituído por múltiplos fragmentos que alternativamente assumem o controle da pessoa e da conduta, dando a esta esse tom de caos e imprevisibilidade que a caracteriza. As pautas patológicas mutantes da mãe e os afetos e impulsos que entram em jogo em cada uma dessas microexperiências repetidas de desencontro(trauma acumulativo de M. Khan), assim como as respostas desesperadas do sujeito incipiente para sobreviver e fazer previsível o caos, farão parte dessa estrutura”. Há na atualidade uma gama de sofrimento que pensamos estar atrelado a uma movimentação característica da cultura e dos nossos tempos. Freud já nos prevenia da estreita relação entre adoecimento psíquico e cultura em seus textos “Mal-Estar na Civilização” ou ainda no “Moral Sexual 'Civilizada' e Doença Nervosa Moderna”. “O ser humano é o único dotado de um sofrimento intrínseco, decorrente do excesso, de algo que incomoda, perturba ou provoca insatisfação", atesta Manoel Tosta Berlink, do Laboratório de Psicopatologia Fundamental da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo”. Dentro dessa perspectiva muitos psicanalistas têm-se debruçado sobre o estudo dessa clínica atual, disso que se tem nomeado de “pacientes de difícil acesso”, entre eles os chamados borderlines, que outros pesquisadores tem defendido ser o quadro que fala da nossa época. Enquanto isso a psiquiatria contemporânea segue fatiando cada vez mais sua nosologia e encontrando psicofármacos específicos que, ao final, precisam sofrer misturas e mais misturas, dada a impossibilidade de se encontrar um quadro sem aquilo que nomeiam como “comorbidade”. Há todo um pesquisar em torno desses pacientes chamados de limítrofes e a partir desse entendimento todo um olhar que se volta para os critérios de normalidade nisso que muitos nomeiam de pós-modernidade. “A grosso-modo pode-se dizer que durante aproximadamente os primeiros 50 anos de psicanálise o neurótico domina a cena psicanalítica e que, de lá para cá, as chamadas síndromes limítrofes têm ocupado um lugar cada vez maior na clínica e no pensamento psicanalítico”. “Grinker,R.R., fala de quatro níveis de borderline:
Grupo 1- O borderline psicótico – comportamento inapropriado e não adaptado. Deficiente senso de identidade e de realidade. Comportamento negativo e raivoso em relação às pessoas. Depressão.
Grupo 2- O borderline nuclear – Envolvimento flutuante com outros. Expressões abertas e atuadas de raiva. Depressão. Ausência de indicações de um self consistente.
Grupo 3 – Personalidades ‘como se’ – comportamento adaptado e apropriado. Relações complementares. Pouca espontaneidade e afeto em resposta a situações. Defesas: afastamento e intelectualização.
Grupo 4- O borderline neurótico – Depressão anaclítica (semelhante à da infância). Ansiedade. Semelhança com caráter narcisista neurótico”.
“O borderline pesado é polissintomático, ambulatório, com dificuldades nas relações pessoais por sua fragmentação ou por suas necessidades narcísicas exacerbadas, com tendência à atuação, com problemas na área afetiva, com questões nas áreas das identificações e identidade, necessitando de uma circunvizinhança humana para atuar os seus fantasmas, com labilidade de humor, com tendência à exagerada dependência afetiva muitas vezes reativamente negada, usando excessivamente a identificação projetiva e introjetiva, com extrema sensibilidade e susceptibilidade, incomumente e seletivamente permeável ao próprio inconsciente, ao inconsciente do outro e à subjetividade circulante.” “No paciente fronteiriço...acharemos um falso self facetado, por assim dizer, formado por múltiplos fragmentos auto suficientes(...)”; “Essa estrutura é o resultado da introjeção em massa do meio ambiente materno patológico, como defesa extrema, a fim de conjurar a angústia inimaginável pelo desabamento provocado pela ruptura precoce do vínculo da mãe com seu filho”;“(...)preferem viver num caos gerado por eles 'a viver passivamente em um caos que os transcende e que é gerado a partir de fora deles mesmos”;“tudo isso vai levar a novos e sucessivos desencontros traumáticos. “O borderline pensado na perspectiva edípica será falado como tendo um superego frouxo, lábil, influenciável, correspondente à descrição freudiana do superego feminino. Justamente é este superego poroso -- que se deixa penetrar e influenciar – que privilegiará o homem da pós-modernidade, tornando-o apto a acompanhar as rápidas transformações da cultura”.(Nahamn Armony).  O autor propõe a existência do que chamaria de bordeline brando que estaria presente na atualidade como uma resposta à demanda criada pelo próprio processo da cultura. Se levarmos em conta tal conceituação veremos que pouca margem nos restará para evitar tais fenômenos na clínica dentro do processo analítico na atualidade. Seguindo ainda na linha de análise de Nahman Armony, falando disso que conceitua como “borderline brando”, veremos: “Existe uma afinidade entre a sociedade pós-moderna e o borderline, o que é uma redundância, pois simplesmente o borderline faz parte dessa sociedade. As empresas já não querem funcionários disciplinados e burocráticos, mas homens criativos. A escola já não fala em disciplina, dever e decoreba, mas sim em criatividade, pesquisa, singularidade, estimulação afetiva. Mais que uma ação repressiva temos um estímulo à criatividade.




PACIENTES HISTÉRICOS
Classe de neuroses que apresentam quadros clínicos muito variados. As duas formas sintomáticas mais bem identificadas são a histeria de conversão, em que o conflito psíquico vem simbolizar-se nos sintomas corporais mais diversos, paroxísticos ou mais duradouros, e a histeria de angustia, em que a angustia é fixada de modo mais ou menos estável neste ou naquele objeto exterior (fobias). Na época em que ocorre a epifânia sexual, onde a criança descobre que o mundo é constituído por objetos sexuais a partir de seus impulsos libidinais, enquanto para a criança não histérica sua mãe passa a ser vista não mais como objeto materno, mas principalmente como objeto de desejo, para a criança histérica a sexualidade torna-se uma ameaça diante da relação mãe-bebê. O histérico vai dessexualizar sua mãe, persistindo na idéia original do desejo materno. O pai torna-se o grande vilão no período edípico. Aquele que ameaça esta relação perfeita de conto de fadas, onde somente existe uma espécie de pureza histérica. O histérico irá lutar para preservar a criança inocente, opondo-se ao crescimento do self, criando a imagem de uma mãe “Madona”, e tornando-se o garotinho(a) perfeito(a), atendendo assim ao desejo do outro. Este outro, sua mãe ideal, repudia por completo a sexualidade e deseja seu garotinho(a) eterno. Logo, na phantasia histérica, o ser vive representando este papel. Ocorre uma espécie de substituição da satisfação sexual pela satisfação sagrada, santificada. O gozo é algo que eleva seu espírito ao céu. Cristopher Bollas em seu livro “Hysteria” descreve que “Fazer amor para o histérico implica em uma troca do corpo pela alma”. O corpo passa a ser um objeto erótico do histérico. Sua satisfação sexual esta nas preliminares, uma vez que sua mãe repudiou seu órgão genital e de certa forma distribuiu este desejo sexual para outras partes do corpo. O cuidado excessivo com o corpo pode representar a construção deste personagem auto-erótico, que seduz, eleva-se aos céus como ser puro e mantém sua relação infantil representando o personagem criado pelo desejo de sua mãe. David Zimerman descreve algumas características clínicas do histérico: “Existência de uma mãe histerogênica – próxima e distante, dedicada e indiferente; Usa a criança como uma vitrine sua para se exibir aos outros; Projeta nos filhos sua própria estrutura histérica. Meninos: as mães são sedutoras; desenvolvem um clima de expectativas narcisistas Meninas: Pai sedutor e frustrador ao mesmo tempo; Ansiedades existentes: angustia de castração; cair em um estado de desamparo; baixa auto-estima; medo da perda do amor dos pais ambíguos entre outra”.(David Zimerman – Histeria – Manual de técnica Psicanalítica).
Insight e Elaboração
“A atividade interpretativa do psicanalista leva aos insights do analisando, sendo que a lenta elaboração dos mesmos é que irá possibilitar a obtenção de mudanças psíquicas, objetivo maior de qualquer análise”ZIMERMAN, DAVID E. Manual de Técnica Psicanalítica Porto Alegre: Artmed, 2004. (Capítulo 18) Zimerman classifica os insights em:
intelectivo; cognitivo (clara tomada de conhecimento, por parte do paciente, de atitudes e características suas que até então estavam egossintônicas);
afetivo (a cognição, muito mais do que uma mera intelectualização, passa a ser acompanha da por vivências afetivas, tanto as atuais quanto as evocativas, possibilitando o estabelecimento de correlações entre elas;
reflexivo(insightins titui-se a partir das inquietações que foram pro movidas pelo insight afetivo, as quais levam o analisando a refletir, a se fazer indagações e a estabelecer correlações entre os paradoxos e as contradições de seus sentimentos, pensa mentos, atitudes e valores; pragmático (uma bem-sucedida elaboração dos insights obtidos pelo paciente, ou seja, as suas mudanças psíquicas, deve necessariamente ser traduzida na praxisde sua vida real exterior, assim que a mesma esteja sob o controle de seu ego consciente, com a respectiva assunção da responsabilidade pelos seus atos.
“O termo “elaboração” refere que a mente do paciente está “trabalhando”, no sentido de integrar sucessivos insights parciais que estão sendo adquiridos no curso da análise” ZIMERMAN, DAVID E. Manual de Técnica Psicanalítica Porto Alegre: Artmed, 2004. (Capítulo 18). O sofrimento acompanha o árduo trabalho de elaborar, uma vez que nunca é fácil aceitar as perdas, destruir idealizações, falsos valores, etc. “Talvez não haja dor mais difícil de suportar do que aquela que resulta de o paciente ter de renunciar à sua fachada de um falso-self ou às ilusões do “faz-de-conta” do mundo narcisista”.ZIMERMAN, DAVID E. Manual de Técnica Psicanalítica Porto Alegre: Artmed, 2004. (Capítulo 18) Para finalizar, David Zimerman escreve sobre o processo de cura dizendo: “Em terapia psicana lítica, o conceito de cura deve aludir mais dire tamente ao terceiro significado que essa pala vra sugere, qual seja, o de uma forma de ama durecimento, o que equivale ao trabalho de uma len ta elaboração psíquica que permita a obtenção de mudanças psíquicas estáveis e definitivas”. ZIMERMAN, DAVID E. Manual de Técnica Psicanalítica Porto Alegre: Artmed, 2004. (Capítulo 18).
A criação de símbolos na neurose obsessiva

Podemos entender por aparelho psíquico a expressão que ressalta certas características que a teoria freudiana atribui ao psiquismo: a sua capacidade de transmitir e de transformar uma energia determinada e a sua diferenciação em sistemas ou instâncias. (Laplanche e Pontalis – Dicionário de Psicanálise – pág 29) Em última análise, a função do aparelho psíquico é manter ao nível mais baixo possível a energia interna de um organismo. (Laplanche e Pontalis – Dicionário de Psicanálise – pág 30). Para W.R Bion, um dos mais importantes psicanalistas, o aparelho psíquico se resume da seguinte forma: soma (conjunto das partes que constitui um todo) psique, e o vínculo que os liga. Parte da análise Bioniana será baseada na forma como meu corpo se liga à minha mente e vice-versa. Um vínculo se forma ligando ambas as partes. Exemplo: A criança sente fome; A mãe lhe dá o seio; A imagem deste seio é a psique. É formado então um primeiro vinculo, ou como Freud nomeou, Representações de coisas. Para Bion, o vinculo entre mãe e bebê não pode ser descrito somente em termos de amor e ódio. É necessário ter um terceiro tipo de vinculo que é o desejo da mãe em compreender o seu bebê (K). Entre as sensações corpóreas também vão se criando vínculos. Citando o mesmo exemplo anterior da criança sentir fome, cria-se um vínculo entre comer e defecar. Assim, o que liga seio à fome é a função vincular. Num primeiro estágio, cria a representação de coisas (seio, comida, etc), passando para um segundo estágio onde estas representações de coisas são juntadas (seio sacia a fome). Para D.W. Winnicott, ao nascer o self é desintegrado. Aos poucos, os objetos vão se integrando, e por detrás de cada objeto, segundo Bion, existe um vínculo. No esquizofrênico, a capacidade vincular é extremamente prejudicada. Podemos entender por Phantasia, o conjunto de representações de coisas (conjunto de conexões), que vão criando vínculos na medida em que vão se combinando (seio – fome). Porém, os vínculos se formam a partir da experiência proporcionada pela mãe (holding), e acabam formando a psique. A forma como estes vínculos vão se juntando é o que Melanie Klein denominou de posição. O desejo de voltar para o estado uterino, faz com que primeiramente o organismo tente jogar seus objetos para fora. Nascer é ruim; Sentir fome, sede, necessidade de defecar, etc, estão longe da plenitude antes vivida no útero. É preciso lança-los para fora buscando o retorno à plenitude. Num segundo estádio, com seu self mais integrado, o bebê agora percebe o objeto como único. A figura da mãe é percebida como única. Os objetos são únicos. Logo, entende que o objeto mau é o mesmo objeto bom. Surge então a culpa por ter em sua phantasia atacado e destruído aquele objeto anterior mau, que pode agora ser entendido também como objeto bom. Melanie Klein nomeou este estágio de posição depressiva. A dor da perda, a culpa, a gratidão, levam então o ser para um novo estádio, onde o bebê começa a assumir sua parcela de responsabilidade diante dos fatos bons e ruins. Podemos agora exemplificar a psique como uma espécie de moeda que contêm a soma de todos os objetos bons e maus. Posição depressiva pode ser entendido como o vinculo que se forma entre a psique, e todos os outros objetos. Quando tudo é juntado em uma mesma “moeda”, é criado um símbolo. Os símbolos permitem que um todo seja reconhecido nas partes fragmentadas e dispersas, e que, a partir de um todo, se venham a descobrir as partes.O símbolo é a unidade perdida e refeita, porém esse reencontro unificador não deve se dar nos moldes originais, mas sim no reencontro de um mesmo com um diferente, visto que, na situação psicanalítica, simbolizar consiste em captar o sentido em um outro nível, a partir de um outro vértice. (David Zimermam – Bion da teoria a pratica – cap 13 – pg 159) A capacidade de suportar perdas esta associada à posição depressiva, ou seja, é essencial que a criança para suportar perdas e frustrações, tenha feito a passagem da posição esquizoparanóide para a posição depressiva. Na análise, deve-se interpretar e informar ao analisando sobre suas transferências. Como resultado, espera-se que o analisando obtenha insights e elaborações, posicionando-se diante de velhas situações e angustias, sob uma nova óptica. Aquilo que interpretamos, nada mais é do que o desejo da realização de uma phantasia, e o processo de elaboração pressupõem a perda desta phantasia. Vivemos em torno de um grande dilema – o desejo da realização de nossas phantasias, versus a realidade. Nossa mente (forma racional de trabalho do aparelho psíquico),também chamada pela filosofia de razão, pode ser utilizada estrategicamente para resolver este dilema. Segundo Bion, a razão é utilizada na maioria das vezes para falsear ao invés de falar a verdade, aliada aos mecanismos de defesa diversos. A mente é utilizada para que o indivíduo se mantenha na phantasia, afastado da realidade dura. Logo, como analista, é necessário que eu descubra qual é a função da mente do analisando, ou seja, como ela trabalhando a favor dos desejos do mesmo. Segundo Melanie Klein, o neurótico obsessivo se utiliza à razão precocemente a serviço de suas phantasias. Dentro da visão Kleiniana, toda problemática do ser gira em torno da pulsão de morte. Assim, a mente serve para controlar esta pulsão, servindo de solução para a pulsão de morte. No neurótico obsessivo, a mente trabalha de forma dissociada. Ego forte = ego que assegura plenamente o exer cício das pulsões modificadas e controladas por ele, de um modo compatível com as exigências da realidade exterior. Neurose Obsessiva é uma tentativa depressiva de dar conta das questões que angustiam. Como característica, os neuróticos obsessivos utilizam um critério racional para resolver a síntese entre o bom e mau. Cria um mito, e passando a crer na sua verdade daquilo que é bom e mau. Na neurose obsessiva, a razão é utilizada para dissociar, transformando uma determinada ansiedade, em algo suportável, idealizando, dissociando. Afastar o mau é sua estratégia principal. A razão é utilizada para banir o mau. A neurose é uma relação masoquista por parte do ego – para manter-se em equilíbrio com o superego, rompendo suas relações libidinais, o ego se submete a uma serie de expiações. No final, todo o jogo de defesa e agressões acabam se voltando contra ele mesmo. 

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